Toda a batalha, a verdadeira batalha, ocorre em nós mesmos. Somos nós contra tudo o que não somos, para nos tornarmos aquilo que Nosso Senhor deseja que sejamos. No evangelho, na passagem que nos conta a cura dos dez leprosos (Lc. 10, 23-37), vemos como devemos agir tanto como benfeitores como receptores das benfeitorias. Nosso Senhor não se zanga pela falta de gratidão dos nove leprosos. Nem lhes retira a saúde que lhes deu.
Assim, devemos ser nós também. Não devemos nos zangar contra os ingratos. O pe. Júlio Maria ensina que “continuar a fazer o bem a um indigno, é mostrar-se grande, é colocar-se acima da ingratidão” (Comentário Moral do Evangelho Dominical). Deve-se destacar que o pe. Júlio Maria não diz que é colocar-se acima do indigno, mas da própria ingratidão. Se o combate é em nós mesmos, então a vitória não é sobre os outros, mas sobre os defeitos e más inclinações que temos.
E se lamentamos pela ingratidão alheia, como Deus deveria reagir contra nossa própria ingratidão? Se tivemos oportunidade de beneficiar alguém, prestando-lhe algum favor, foi porque Deus assim o permitiu. Em outras palavras, fomos beneficiados por Deus que nos permitiu ter aquilo que usamos para beneficiar outrém. E Deus não é somente a causa deste benefício, ele deve ser também o seu fim último. Devemos fazer o bem por amor de Deus. Se não for assim, seremos orgulhosos de nós mesmos.